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Juros altos atraem investidores e deixam dólar mais barato no Brasil

Depreciação da moeda norte-americana em relação ao real é guiada por estrangeiros na busca por retornos mais altos

Renda Extra|Do R7

Dólar caiu quase 10% desde a 1ª alta da Selic
Dólar caiu quase 10% desde a 1ª alta da Selic Dólar caiu quase 10% desde a 1ª alta da Selic

A recente trajetória de queda que levou o dólar abaixo dos R$ 5 tem relação direta com a sequência de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, que passou de 2% para 4,25% ao ano no período de três meses.

Segundo especialistas, a variação de 2,25 pontos percentuais dos juros foi suficiente para atrair investidores estrangeiros ao Brasil, o que puxa a cotação da moeda norte-americana para baixo, já que com mais dólares disponíveis no mercado o valor da moeda ante o real tende a cair.

"É uma questão de oferta e demanda. Quando a Selic cai muito, as pessoas não ficam interessadas em manter o dinheiro aqui e levam para o exterior, o que faz o valor do dólar aumentar", explica Gabriela Mosmann, analista de investimentos da Suno Research.

Roberto Dumas, economista e professor do Insper, destaca que as recentes movimentações do mercado fizeram com que o diferencial entre os juros praticados no Brasil e no exterior aumentasse. "Os investidores trazem dinheiro deles para cá, como forma de aproveitar esse diferencial, e acabam ganhando, em dólar, mais do que ganhariam nos Estados Unidos", aponta ele.

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Gabriela completa dizendo que os juros básicos no menor patamar da história afastavam os investidores do Brasil, já que a taxa Selic é responsável pela sinalização de retorno de todos os outros ativos disponíveis no mercado nacional. "A pessoa não vê o risco-Brasil sendo pago. Mas, quando a Selic aumenta um pouco, o investidor internacional vai se sentir mais atraído, porque o retorno paga o risco, já que o retorno nos Estados Unidos é praticamente zero", afirma Gabriela.

Desde quando superou os R$ 5, em março do ano passado, a cotação da moeda norte-americana engatou uma sequência de ganhos até ficar a apenas 1,67% de bater a marca de R$ 6 em maio de 2020. Desde então, os juros no menor patamar da história para tentar frear o impacto do novo coronavírus na economia mantiveram o dólar "estacionado" até o início das altas da Selic.

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Desde então, o dólar acumula queda de 9,2% ante o real até o fechamento da última quinta-feira (1º), quando a moeda norte-americana registrou a maior valorização em mais de um mês, voltou a superar a barreira dos R$ 5 e fechou o dia negociada a R$ 5,04.

Dumas cita que existe ainda uma razão "não muito nobre" guiando a depreciação do dólar ante o real nos últimos meses: a relação entre a dívida e a produção de bens e serviços da economia. "Você mostra que está bem na fotografia, mas porque a maré subiu. Se a inflação cair, a maré vai baixar e mostrar, de novo, o quão frágil estaremos em relação ao valor da dívida pública como percentual do PIB", lamenta o economista.

Na avaliação de Dunas, o dólar não terá um recuo expressivo nos próximos meses e deve voltar a subir no próximo ano com a chegada do período eleitoral e a "intensificação do populismo fiscal" sinalizada pela reforma tributária. "Neste ano vivemos uma lua de mel com o câmbio e os indicadores, o que deve ser revertido", indica ele ao apostar no dólar em R$ 5,30 em 2022.

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