Especialista lembra que falta de planejamento pode levar à perda do imóvel
Jens Neumann/PixabayComeça nesta sexta-feira (25) o Feirão da Casa Própria da Caixa com a oferta de ofertará 180 mil imóveis novos e 6 mil empreendimentos retomados pela Caixa em todo o país.
Para quem está procurando imóveis para comprar, o feirão facilita bastante porque reúne várias ofertas de imóveis em um só lugar, mas é preciso ter cuidado porque uma decisão tomada sem que o comprador tenha se organizado financeiramente pode levá-lo a perder o tão sonhado imóvel mais pra frente.
O advogado especializado em Direito Imobiliário Marcelo Tapai diz que o consumidor pode entrar numa “verdadeira fria” ao fazer esse tipo de negócio por impulso.
Tapai lembra que a lei nº 9.514/97, que trata da alienação fiduciária, é muito severa e não dá muita chance de negociação para os devedores. "Se o proprietário não conseguir pagar o financiamento, o banco pode tomar o imóvel e levar a leilão em poucos dias. Em tese, após 30 dias de atraso da primeira parcela, o banco já pode dar início ao processo de retomada do imóvel", explica.
O ideal, segundo Tapai, é comprar à vista ou com o mínimo de parcelas financiadas possível. Além disso, é preciso pesquisar muito antes, porque nem sempre os feirões têm negócios imperdíveis com boas ofertas.
Antes de assinar contrato, o especialista ressalta que é importante ter a certeza do quanto pode pagar por mês, considerando todas as outras contas fixas que já possui, inclusive empréstimos, financiamentos de veículos, além de eventualidades que podem ocorrer ao longo do tempo e prejudicar o rendimento familiar.
Só participe do feirão se tiver o objetivo claro de comprar o imóvel e, souber que tem condições financeiras para assumir o compromisso. Se for só olhar por curiosidade, tome cuidado para não fazer compra por impulso
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Faça as contas de quanto dinheiro tem para comprar o imóvel e também como vai fazer para pagar as parcelas caso não possa fazer o pagamento à vista. "Lembre-se de que, durante a obra, o saldo total é reajustado pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil) e, no financiamento após a entrega das chaves ou mesmo de imóveis usados, não se pode atrasar as parcelas", diz.
Para fechar uma compra com segurança, a renda familiar precisa ter uma folga, não pode ficar totalmente comprometida com a compra da casa nem com outros empréstimos e financiamentos. Se acontecer uma emergência, como ficar desempregado, passar por problemas de saúde, por exemplo, pode deixar de pagar o imóvel e perder a casa. "Ou seja, o dinheiro da parcela tem que sempre estar separado."
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Nunca compre um imóvel sem conhecer a localização. "Procure saber se o local não é perigoso ou barulhento. Também é importante verificar a disponibilidade de transporte público, comércio e escolas próximos."
Pesquise o histórico da construtora por meio de consultas do CNPJ no Procon, na prefeitura e no Cartório de Registro de Imóveis. "Isso pode evitar sérios problemas como construtoras que atrasam entregam de obra, ou mesmo que sequer entregam o que prometem."
No caso de imóveis usados, consulte a matrícula e verifique se não existem ações contra o proprietário, além de dívidas que possam recair sobre o imóvel, como dívidas de condomínio e do próprio IPTU.
Não compre porque o vendedor disse que é uma oportunidade imperdível ou por ter um bom desconto. "Por trás disso pode estar um mico, como imóveis que não batem sol, que têm problemas estruturais ou que estão no térreo, ao lado de áreas comuns barulhentas."
Reserve cerca de 5% do valor total do imóvel para pagar custas de ITBI e registro de imóveis. Lembre-se também de que um imóvel na planta terá de ser mobiliado e um imóvel usado poderá implicar reformas. Considere estes gastos.
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