Pacote prevê descontos em modelos de até R$120 mil
Fiat DivulgaçãoA dúvida entre financiar um veículo ou esperar para comprar à vista pode assombrar muitos consumidores. Afinal, junto com o financiamento vem a temida taxa de juros sobre cada parcela. Já se o consumidor optar por esperar, pode investir o dinheiro e comprar à vista sem taxas no futuro.
No momento em que o governo lançou medida para incentivar as vendas de carros, com bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil no preço de veículos de até R$ 120 mil, o que corresponde a um desconto mínimo de 1,6% e máximo de 11,6% no valor. O abatimento será aplicado com base nos critérios já divulgados: veículos mais baratos, menos poluentes e com maior densidade industrial nacional.
O pacote também vai beneficiar a compra de novos caminhões, ônibus e vans, com créditos que vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.
Segundo um levantamento do Banco Central, entre 17 a 25 de maio, a média das dez melhores taxas para financiamento do mercado está em 17,79%. Para analistas ouvidos, elas não estão atrativas.
“Essas taxas de juros ainda estão um pouco elevadas. Seria interessante termos uma diminuição, para fazer com que o mercado consiga gerar mais vendas”, explica Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato, consultoria automotiva.
Além das taxas de juros para financiamento estarem elevadas, Kalume Neto cita a questão da restrição de crédito. Segundo ele, por causa do aumento do preço nos carros, as instituições financeiras estão limitando o acesso ao crédito, visto que as parcelas estão maiores e o risco de inadimplência aumenta na mesma proporção.
“Os carros subiram muito de preço. Nos últimos cinco anos, o tíquete médio brasileiro dobrou. Então, para quem colocava seu carro usado lá, que valia R$ 50 mil, financiava R$ 20 mil para comprar um de R$ 70 mil. Na mesma lógica, financiando um carro que custa hoje R$ 140 mil, você coloca o seu usado de R$ 100 mil e precisa financiar o dobro, R$ 40 mil. Isso, hipoteticamente falando, nas mesmas condições”, afirma.
O governo, para driblar esse aumento dos preços dos carros populares, anunciou um programa para carros de até R$ 120 mil. Com isso, o mercado pode receber nos próximos meses veículos custando menos de R$ 60 mil.
Com a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, e as expectativas de que ela caia no próximo semestre, na visão de Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, vale mais a pena investir e comprar à vista mais para frente.
“Se uma pessoa tiver R$ 50 mil e comprar um CDB pré-fixado em 13%, daqui a seis anos, ela consegue dobrar o dinheiro, já pagando Imposto de Renda. Então ela terá R$ 100 mil ou um pouco mais e aí poderá comprar o automóvel”, diz.
Para quem deseja menos risco, ele também cita títulos indexados a IPCA mais prêmio. “Eu, particularmente, acho que a Selic está bem atrativa. O IPCA também é uma boa opção, vai render um pouco menos, mas tem menos risco”, afirma.
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