O preço das aves chegou a aumentar 24% em 12 meses
FreepikCom a inflação corroendo o poder de compra dos brasileiros, sobra pouco para gastar com as despesas das festas de fim de ano. Os presentes e as compras para a ceia de Natal precisam ser bem planejados pelas famílias para os valores não ultrapassarem o orçamento e, o mais importante, não deixarem dívidas para 2022.
Motivos não faltam para adotar uma postura mais responsável com as finanças. De acordo com os dados do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a ceia de Natal está quase 8% (7,93%) mais cara neste ano em comparação ao ano passado. Os itens que mais contribuíram para a alta foram frango inteiro, ovos, azeitona, azeite e carne bovina, produtos essenciais para a ceia natalina.
Apesar do aumento, André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, afirma que a inflação dos itens de Natal veio abaixo do esperado pelo mercado. No entanto, a percepção não significa que a alta não possa comprometer o orçamento dos brasileiros.
“O desemprego ainda está muito elevado. Então, mesmo vendo os produtos natalinos variarem um pouco menos, muitas famílias não vão poder ter a cesta de Natal que gostariam. É uma situação que não vai se resolver no curto prazo”, avalia.
VARIAÇÃO ACUMULADA EM 12 MESES (DEZ/20 A NOV/21)
Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (em %):
CEIA - 7,9
FRANGO INTEIRO - 24,2
OVOS - 17,7
AZEITONA - 15,1
CARNES BOVINAS - 14,7
FARINHA DE TRIGO - 13,7
AZEITE - 13,2
PÃO DE OUTROS TIPOS - 9,6
BACALHAU - 9
VINHOS - 7,5
ÓLEO DE SOJA - 6,2
MAIONESE - 5,7
LOMBO SUÍNO - 4,3
BATATA INGLESA - 3,6
FRUTAS - 2,8
CEBOLA - 1,8
LEITE LONGA VIDA - 0,8
PERNIL SUÍNO - -1,2
ARROZ - -8,2
O primeiro passo na hora de pensar na ceia de fim de ano, de acordo com os especialistas em educação financeira, é identificar quanto você pode gastar e, depois, estabelecer um limite. Dessa forma, você não prejudica o pagamento das despesas essenciais, como água, luz e telefone.
Ao concluir esse processo, o consumidor terá condições de visualizar os itens que poderão ser substituídos por produtos mais baratos e adaptar a ceia ao seu orçamento atual. “No caso das nozes, amêndoas e avelãs, o ideal é trocar por frutas da estação, porque mesmo que estejam mais caras é possível economizar”, explica Aline Soaper, educadora financeira e idealizadora do Instituto Soaper, plataforma de ensino de educação financeira.
A mesma recomendação é válida para os produtos estrangeiros. Com a valorização do dólar diante do real, os itens importados podem estar com preços acima da média.
Antes de ir às compras, o ideal é que você faça uma lista dos itens de que você precisa e deseja ter na sua ceia de fim de ano. Ao ter em mãos os principais produtos que devem ser comprados, a recomendação é pesquisar em diversos supermercados e buscar o melhor preço, principalmente quando a ceia for preparada para um grande número de pessoas.
“Pequenas diferenças de preço podem se tornar muito relevantes na hora em que você compra grandes volumes. Então, é preciso pesquisar, inclusive, na internet. Há diferença de preço entre os fornecedores e a pesquisa pode ajudar bastante”, afirma Valter Police, planejador fiduciário e head da Academia Fiduc, fintech de investimentos e planejamento financeiro.
Pesquisar antes de comprar pode ajudar o consumidor a encontrar promoções que farão a diferença nas despesas da ceia de fim de ano.
Na hora de ir às compras, não é interessante comprar os produtos da ceia no cartão de crédito e muito menos parcelar. De acordo com Desiree Mota, do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon/CE), quando o consumidor escolhe essa forma de pagamento, ele pode comprometer o orçamento dos meses subsequentes e, nesse caso, entrar no ano de 2022 com dívidas.
“Cuidado ao utilizar o cartão de crédito. Os valores devem estar dentro do orçamento dos próximos meses para que não seja necessário recorrer ao crédito”, explica Mota.
Mas, para que o orçamento não fique apertado nesta época do ano, o ideal é que as pessoas se organizem ao longo dos meses para que tenham recursos a mais para gastar no mês de dezembro.
Segundo Mota, as famílias podem poupar, caso seja viável, pelo menos 10% da sua renda mensal ao longo dos meses de janeiro a novembro.
Para alcançar esse objetivo, a organização financeira é essencial. “Anote todas as suas receitas e despesas. Reserve pelo menos 10% do que você ganha para compor a sua reserva de emergência. Ao chegar o fim do ano, você terá recursos para a tão sonhada ceia de Natal”, sugere Mota.
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