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Inflação avança 0,67% em junho, a maior taxa para o mês em 4 anos

Aceleração faz índice oficial de preços acumular alta de 5,49% no primeiro semestre e de 11,89% nos últimos 12 meses, afirma IBGE

Renda Extra|Do R7

Alimentação fora de casa puxou alta maior do IPCA em junho
Alimentação fora de casa puxou alta maior do IPCA em junho Alimentação fora de casa puxou alta maior do IPCA em junho

A inflação oficial de preços do Brasil voltou a ganhar ritmo ao subir 0,67% em junho, na comparação com o maio. A variação é a maior para o mês desde 2018 (1,26%), mostram dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado interrompe a sequência de duas desacelerações consecutivas e faz o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechar o primeiro semestre de 2022 com alta de 5,49%. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula avanço de 11,89%.

No mês, a alta maior do índice foi influenciada sobretudo pelo aumento de 0,8% nos preços dos itens que compõem o grupo de alimentação e bebidas, que tem grande peso no índice geral (21,26%). O dado foi puxado, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%).

"Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis", afirma Pedro Kislanov, gerente responsável pelo IPCA. "Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços", explica ele.

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Nas refeições dentro de casa, os preços do leite longa vida (+10,72%) e do feijão-carioca (+9,74%) foram os mais sentidos no bolso. Com isso, os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,63%. Por outro lado, houve queda em itens importantes desse grupo, como a cenoura (-23,36%), a cebola (-7,06%), a batata-inglesa (-3,47%) e o tomate (-2,7%).

Kislanov avalia que dois fatores influenciam a queda desses alimentos: o componente sazonal e a base de comparação alta devido ao grande aumento de preços nos primeiros meses do ano. "A partir de abril e maio o clima começa a ficar seco, e isso melhora a produção, a oferta aumenta e os preços caem", pontua o pesquisador.

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Kislanov também destaca a atuação do próprio consumidor na queda do valor dos alimentos ao substituir um produto por outro no momento da compra. “Nesse caso, o varejista é forçado a diminuir os preços”, afirma ele.

Outro fator que influenciou o resultado do índice em junho foi o aumento dos planos de saúde (+2,99%) após a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizar o reajuste de até 15,5% nos convênios individuais, com vigência a partir de maio e o ciclo se encerrando em abril de 2023. 

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"No IPCA, houve, em junho, a apropriação das frações mensais de maio e junho, o que impactou bastante esse resultado”, destaca Kislanov ao citar que o item representou o maior impacto individual no índice do mês (0,1 ponto percentual) e impulsionou a alta de 1,24% no grupo de saúde e cuidados pessoais.

Com a manutenção da inflação na casa dos dois dígitos, o BC (Banco Central) admite que o índice encerrará 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano seguido. O alvo do CMN (Conselho Monetário Nacional) para o IPCA é 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%).

O novo furo do teto da meta também é previsto pelo Ministério da Economia, que revisou de 6,5% para 7,9% a expectativa de inflação para este ano. Para o mercado financeiro, o indicador oficial deve fechar o ano em 8,89%.

Combustíveis mais baratos

No grupo de transportes, o maior peso no índice geral, a alta de 0,57% apurada em junho representa uma desaceleração ante ao mês anterior (+1,34%). No mês, o resultado foi impactado pela queda de 1,2% nos combustíveis.

O recuo foi puxado pelos preços da gasolina, item de maior peso individual no IPCA, que caíram 0,72%, enquanto os do etanol recuaram 6,41% e os do óleo diesel subiram 3,82%. A maior variação (11,32%) e o maior impacto positivo (0,06 ponto percentual) do grupo partiram das passagens aéreas, que acumulam alta de 122,4% no ano.

“Ainda houve reajustes nas tarifas de ônibus urbano e ônibus intermunicipais em alguns locais, como Salvador e Aracaju”, ressalta Kislanov. Com isso, o ônibus urbano teve alta de 0,72%.

Outros grupos

Já em vestuário, que teve a maior variação entre os grupos pesquisados pelo IPCA (+1,67%), os destaques foram as roupas masculinas (+2,19%) e femininas (+2%). Os preços das roupas infantis (1,49%) e dos calçados e acessórios (1,21%) também subiram em junho.

“Esse grupo tem registrado alta mês após mês. Uma das explicações é o aumento de preços das matérias-primas, principalmente do algodão. Há também a influência indireta de outros fatores, como a alta dos combustíveis”, diz o pesquisador.

No caso do grupo habitação, a inflação de 0,41% é explicada pelos reajustes da taxa de água e esgoto (2,17%) em algumas regiões do país, como nas capitais Belém, São Paulo, Campo Grande e Curitiba. Do lado negativo, a energia elétrica recuou 1,07%, após ter tido queda de 7,95% em maio. Desde abril, está em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional de luz.

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