Os juros são o valor do dinheiro
Imagens: Marcello Casal Jr/Agência Brasil e Edu Garcia/R7O Banco Central (BC) tomou conta dos noticiários do Brasil neste ano. Isso porque o governo federal tem criticado a atual taxa de juros, fixada em 13,75% ao ano pelo BC.
No entanto, é comum ter dúvidas sobre o que é o Banco Central, o que ele faz e como suas decisões afetam o bolso do trabalhador.
O Banco Central é a autoridade monetária do Brasil. Em outras palavras, ele é o responsável pela credibilidade do real, a moeda do país.
A autarquia faz isso com o SFN (Sistema Financeiro Nacional), que reúne, além do BC, autoridades responsáveis por fiscalizar e solidificar o dinheiro brasileiro.
Ou seja, se alguém vai à padaria e usa uma nota de R$ 5 para comprar pão, é o BC que garante que aquele dinheiro usado é confiável. Na teoria, se essa instituição financeira não existisse, a cédula seria apenas um pedaço de papel.
Vale lembrar que bancos centrais existem em quase todos os países justamente com esse objetivo.
O BC tem quatro principais funções:
• Administrar o dinheiro em circulação na economia;
• Cuidar das reservas internacionais, que são fundos de capital em dólares que trazem segurança a investidores estrangeiros para que ponham dinheiro no Brasil;
• Incentivar as pessoas a economizar dinheiro;
• Cuidar do SFN.
A autarquia tem alguns instrumentos para cumprir com essas obrigações. Porém, o principal deles, o que mais afeta o bolso do brasileiro, é a taxa Selic.
Ela nada mais é do que a taxa básica de juros da economia brasileira. Ou seja, é o valor do dinheiro, do real. Por causa disso, todos os setores são influenciados por ela, direta ou indiretamente.
Na prática: se a Selic aumenta, fazer um empréstimo com um banco fica mais caro. Outra consequência é o crescimento do pagamento de dívidas.
O índice tem sido mantido em 13,75% ao ano desde 2022. No entanto, ele está em patamar elevado demais, segundo boa parte dos economistas. Para ter uma ideia, o Brasil possui hoje o maior juro real do mundo (taxa de juros — inflação), com 7,38%.
Entre os estudiosos, há uma linha que defende afrouxamento dos juros. A ideia é que, com patamares menores, maior o consumo, maior o crédito e, assim, a economia cresce.
Por causa disso, o presidente Lula da Silva (PT) tem atacado pessoalmente o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a instituição em geral.
Por outro lado, há economistas que ressaltam os danos da inflação à economia. Com juros maiores, o aumento de preços tende a ser menor e, dessa forma, o poder de compra do trabalhador é maior.
Assim, ele retornou ao intervalo da meta preestabelecida pelo governo. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação perseguida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).
O índice não foi cumprido nos últimos dois anos. O patamar atual do IPCA é 0,1 ponto percentual inferior ao limite.
Apesar do movimento, o BC afirma que a chance de o IPCA fechar 2023 dentro da meta ainda é remota, de apenas 17%. Já os analistas do mercado financeiro preveem alta de 5,98% no acumulado dos 12 meses encerrados em dezembro.
* Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas.