Movimentação em feirão de negociação de dívida
RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO-07/03/2023De cada dez famílias brasileiras, oito estavam com dívidas em atraso no mês de abril. A taxa de 78,3% é a mesma observada no mês anterior, mas está acima dos 77,7% de abril de 2022. Os dados são da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada nesta quinta-feira (4), pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
A previsão é de que o percentual de 78,3% se mantenha nos próximos dois meses e suba para 78,4% em julho, segundo a CNC.
A pesquisa indica que a parcela de inadimplentes — aqueles que têm contas ou dívidas em atraso — chegou a 29,1% das famílias do país, abaixo dos 29,4% de março, mas acima dos 28,6% de abril de 2022. O aumento ocorreu principalmente na classe média.
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As dívidas tendem a virar uma bola de neve, por isso é importante tentar uma renegociação o quanto antes e, principalmente, mudar de hábitos para limpar o nome. O alerta é de Bruna Allemann, educadora financeira da fintech Acordo Certo.
“O primeiro passo para sair da inadimplência é fazer uma renegociação, só assim você conseguirá ficar no azul e ter tranquilidade financeira para focar outros projetos. No dia a dia, também é importante criar o hábito de pagar as contas na data correta e planejar os gastos a longo prazo”, afirma a especialista.
Segundo a pesquisa, aqueles que não terão condição de pagar suas dívidas somaram 11,6%, percentual superior aos 11,5% de março e aos 10,9% de abril do ano anterior. “Quem tem dívidas atrasadas há mais tempo segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência em função dos juros elevados, que pioram as despesas financeiras”, destaca a economista da CNC Izis Ferreira.
Confira abaixo mais dicas da educadora financeira e da Serasa para sair do vermelho e acertar as contas em 2023.
O primeiro passo a seguir é entender de onde surgiu o problema. Liste todas as dívidas e se programe para começar a quitá-las. Com o passar do tempo, existem acréscimos de juros, e é importante saber o valor exato, para evitar maiores problemas no futuro.
Compreender como sua renda funciona é fundamental, já que é com ela que suas dívidas serão pagas. Registre as contas fixas, ganhos mensais e separe um valor para a quitação de inadimplências, assim você mantém o controle de quanto sai e de quanto entra.
Depois de entender seu bolso e suas dívidas, agora é hora de calcular quanto você pode pagar por elas. Use o valor de gastos desnecessários para quitá-las, mas, ao entrar em programas de renegociação de dívidas, fique atento às parcelas, que podem ser altíssimas. É importante ter em mente um valor estimado de até quanto você poderá pagar sem comprometer seu orçamento.
Considere os imprevistos, crie uma reserva de emergência, nunca se sabe o dia de amanhã. Guardar dinheiro como forma de reserva é uma maneira de se preservar de dívidas futuras.
Se está apertado nas dívidas e sua renda não é suficiente, busque uma renda extra, como venda de artesanatos, bolos e doces ou a prestação de serviços. Procure algo em que seja bom e fique à disposição.
Na hora de quitar os débitos, é importante ficar de olho em oportunidades disponíveis no mercado que permitam a quitação com descontos e benefícios diferenciados. No caso de acordo parcelado, lembre-se de pagar em dia todas as parcelas, para evitar que o nome fique sujo novamente, além de se manter atento às dicas de educação financeira.
Ao tentar limpar o nome, mesmo que não saibamos como as fraudes funcionam, é possível identificar algumas abordagens e fugir delas, então:
• nunca forneça seus dados a ninguém;
• desconfie de ofertas muito atraentes que chegam até você via redes sociais, telefone ou emails;
• evite acessar sites e aplicativos que pedem dados bancários em redes públicas/abertas de internet;
• não clique em links de origem suspeita, seja por email ou SMS;
• negocie dívidas negativadas ou contas atrasadas diretamente com o credor ou pelo Serasa Limpa Nome;
• não pague boletos enviados em nome da Serasa ou de qualquer outra empresa se não tiver solicitado.
Fonte: Bruna Allemann, educadora financeira da fintech Acordo Certo, e Serasa