Os maiores aumentos foram da cebola (+37,18%) e do tomate (+18,79%)
Edu Garcia/R7 - 06.09.2022O preço da alface, da batata, da cebola e do tomate no atacado registrou em novembro um movimento preponderante de alta. A exceção é a cenoura, que apresentou queda de preço na maioria das Ceasas (Centrais de Abastecimento) analisadas, repetindo a tendência dos meses anteriores, como constata o 12º Boletim do Prohort (Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro) 2022, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado nesta sexta-feira (16).
A Conab explica que o estudo é realizado com as hortaliças e as frutas de maior representatividade na comercialização nas Ceasas do país e que têm maior peso no cálculo do índice de inflação oficial, o IPCA (índice nacional de preços ao consumidor amplo).
Os maiores aumentos foram no preço da cebola (+37,18%) e do tomate (+18,79%). No caso da cebola, afirma a Conab em comunicado, a tendência de alta vem sendo observada desde novembro de 2021, tendo culminado no maior nível de preços da série em novembro de 2022.
Em relação ao tomate, deve-se considerar que, desde setembro, a oferta está estável (tendo o pico ocorrido em agosto deste ano). O quadro de chuvas nas regiões produtoras dificulta a colheita e retarda a maturação do fruto, o que afeta negativamente a oferta, esclarecem os técnicos da companhia.
No caso da batata, apesar da estabilidade na oferta, os preços continuam em alta. Isso porque as chuvas constantes e muitas vezes intensas comprometem a colheita e puxam os preços para cima, relata a Conab no boletim.
As chuvas na maioria das regiões produtoras também têm comprometido a produção de alface, reduzindo a oferta e elevando a cotação da verdura. "No primeiro decêndio de dezembro não se observa uniformidade no movimento de preços", relata a empresa.
A Conab diz ainda que, em novembro, apesar da redução de 2% na oferta de cenoura em relação a outubro, os níveis estão cerca de 25% superiores às quantidades registradas em fevereiro e março. Com isso, registra-se "continuidade no movimento de queda de preços em quase todos os mercados atacadistas analisados".
Feira livre no bairro de Perdizes, na zona oeste da capital paulista
Edu Garcia/R7 - 06.09.2022A banana e o mamão apresentaram queda de preço em alguns mercados, apesar da alta na média ponderada. O valor da banana chegou a cair 10,45% na Ceasa de São José (SC), na Grande Florianópolis, e 7,97% em Brasília (DF). Contudo, na média ponderada entre todas as Ceasas analisadas, a fruta teve alta de 5,34% e fechou o período com cotação de R$ 3,70/kg.
No caso do mamão, o preço chegou a cair 26,54% em Rio Branco (AC) e 11,3% em Goiânia (GO), porém a média ponderada indicou alta de 0,83%, com cotação de R$ 5,19/kg. A queda em alguns entrepostos justifica-se principalmente pela fraca demanda, pelos altos preços cobrados nos períodos anteriores e pela presença de frutas mais baratas no mercado após a normalização do abastecimento com o desbloqueio das estradas.
Quanto às demais frutas, foi observado um aumento geral de preços, em especial no da laranja (+4,41%) e no da melancia (+8,13%). Para a laranja, a alta das cotações e a oferta controlada pela grande demanda industrial foram a tônica mensal.
Já a melancia teve a alta de preço justificada pelo declínio da colheita em Ceres (GO) e pelo início da safra em diversas microrregiões de São Paulo e no sul da Bahia, em meio a uma demanda regular. Parte da safra baiana foi antecipada para minimizar o efeito das intensas chuvas nas regiões produtoras.
O aumento nos custos relacionados ao frete e a outros insumos provocou a alta de preços e a queda da comercialização das frutas tipicamente consumidas nas festas de fim de ano. Outro fator relevante é a inflação mundial, que impactou especialmente o custo das frutas importadas, disse a Conab, que nesta edição de seu boletim trouxe um capítulo especial com a avaliação da comercialização das frutas natalinas.
Frutas de caroço, como o pêssego e a ameixa, mantiveram preços com poucas oscilações no ano, mas com crescimento consistente em relação ao ano de 2021.
Outra iguaria muito consumida nesta época do ano é a cereja, que o Brasil compra principalmente da Argentina e do Chile. Com a desvalorização do real e a consequente absorção da inflação internacional, o produto chegou ao atacado com preços elevados.
Já a romã, no Brasil cultivada em São Paulo, Bahia e Pernambuco, observou queda próxima de 90% nas importações em relação a 2020, o que mostra a redução da comercialização no país na esteira das instabilidades econômicas e da contenção da renda da população.
No caso do damasco, fruta que há tempos tem valor de comercialização alto e assim tende a permanecer, as vendas nos entrepostos atacadistas tiveram baixa de 31% até novembro de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, e as importações tiveram uma pequena queda, de 3,85%.
Por fim, na contramão das demais espécies, a uva deve chegar aos mercados de atacado e varejo com preços acessíveis, apesar da queda de 7% na comercialização, considerando-se o agregado das Ceasas analisadas.