Fenabrave acredita em uma alta de 16% para 2021
ReproduçãoCom as restrições de distanciamento social impostas para combater a propagação da pandemia da covid-19 e a perda da renda por conta da crise, o brasileiro passou 2020 praticamente inteiro em sua casa e consumindo em menor quantidade produtos não essenciais. Como consequência disso, as vendas de veículos novos tiveram uma retração de 26,16% no ano passado em relação a 2019.
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No total, foram emplacados 2.058.315 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, o menor número dos últimos quatro anos.
Os dados são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e, para 2021, a entidade projeta um crescimento gradual nas vendas e acredita em uma alta de 16%, ante 2020.
Esta previsão é baseada na retomada da economia, que deve estimular novamente o consumo e fazer com que muitas pessoas que deixaram de comprar o carro no ano passado comprem em 2021.
Para ajudar o investidor que se encontra nesta situação e está indeciso se vale a pena comprar o automóvel ou investir o valor, especialistas do mercado falam sobre o que levar em consideração.
Custo mensal do carro
Para comprar um carro é necessário depositar um alto valor e ainda pagar parcelas com juros, em caso de financiamento. E além desse gasto, um automóvel também possui custos mensais fixos e variáveis que não estão embutidos em seu valor original.
“A pessoa vai gastar mesmo sem pisar no acelerador”, diz Jaques Cohen, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Segundo o planejador, os três principais custos fixos são a desvalorização do veículo (cerca de 10% ao ano), o dinheiro a custo de oportunidade (que é onde esse valor gasto poderia estar se não fosse no carro, como em um investimento acompanhando a Selic, 2% ao ano) e outros custos como IPVA, seguro e revisão (8% do valor total do veículo).
“Os dois primeiros são custos invisíveis e muitas vezes são ignorados, mas não devem ser”, afirma Cohen, salientando que juntos esses gastos somam 20% do valor total do veículo por ano.
Ou seja, com um carro de R$ 40 mil, por exemplo, uma pessoa gasta R$ 8 mil por ano, ou cerca de R$ 666 por mês, apenas para mantê-lo.
Somando esse custo aos gastos variáveis (gasolina, estacionamento e multas), o valor pago mensalmente no veículo pode chegar facilmente a mais de R$ 1 mil por mês.
Gastar com o carro ou investir?
Para saber se vale mais a pena gastar esse valor com o carro ou investi-lo, Cohen recomenda que a pessoa faça as contas de quanto gastaria utilizando outras formas de se locomover no seu dia a dia, como ônibus, metrô, aplicativos, carros de aluguel e bicicletas.
Caso o montante com os meios alternativos seja maior, a pessoa deve ficar com o carro. Mas se for menor, é recomendado não comprar o carro e investir o valor que sobrar ao utilizar as outras formas de transporte.
Dessa maneira, é possível transformar um custo em um ganho e gastar um montante superior ao atual, no longo prazo, em algo mais necessário. “Olhando pela ótica exclusivamente financeira, ter um carro só vale a pena se a pessoa rodar muitos quilômetros em um dia”, aponta o planejador financeiro.
Cohen ainda ressalta que quanto mais alto o patamar da Selic, maior será o valor do custo de oportunidade e, consequentemente, os gastos com o carro.
Isso porque quanto mais o investidor conseguir com o retorno das aplicações, mais “perde” gastando o valor com o carro. “Quanto melhor a pessoa investir menor é a vantagem de ter um carro próprio”, afirma o planejador.
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